Um avanço importante na luta contra os perigos das cobras foi feito graças a um homem que, por anos, se expôs a picadas de diversas espécies de serpentes. Com o sangue dele, cientistas desenvolveram um antídoto experimental capaz de proteger contra diferentes tipos de toxinas de várias espécies de cobras, incluindo as mais letais, como naja e mambas.
Tim Friede, residente em Wisconsin, nos Estados Unidos, injetava doses pequenas de veneno de cobras com alta letalidade em seu próprio corpo, sem supervisão médica. O objetivo, segundo ele, era criar uma resistência às toxinas. Friede documentou o processo em seu canal no YouTube, mostrando múltiplas marcas de picadas enquanto interagia com cobras.
Apesar de desenvolver reações severas, como convulsões e febres altas, o homem sobreviveu e conseguiu ajudar na pesquisa. Os testes feitos em laboratórios e com animais demonstraram que o sangue de Friede, junto de anticorpos recuperados de seu próprio corpo e um inibidor específico, foram capazes de neutralizar toxinas de 19 diferentes espécies, abrangendo categorias reconhecidas pela OMS.
O estudo, que contou com a participação de 19 cientistas, aponta que criar um antiveneno universal — capaz de proteger contra uma grande diversidade de espécies — ainda é desafiador devido à complexidade do veneno das cobras e à vasta quantidade de espécies catalogadas (mais de 600). No entanto, as descobertas atuais tornam o caminho para um soro de amplo espectro mais tangível e promissor.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o envenenamento por serpentes causa mais de 100 mil mortes por ano, e um soro universal ainda é uma necessidade urgente. A pesquisa traz esperança de que, em breve, possamos ter um antídoto eficaz para múltiplas espécies, salvando muitas vidas.
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