Após o anúncio do americano Robert Francis Prevost como o novo papa, circulam nas redes sociais especulações e interpretações apocalípticas relacionadas ao capítulo 13 do Apocalipse, o último livro da Bíblia conhecido como “o livro da revelação”. Muitos associam as imagens e números daquele texto às figuras do papa e dos Estados Unidos, criando teorias de fim do mundo.
O capítulo 13 do Apocalipse, escrito por João no século I, descreve duas bestas — uma que emerge do mar e outra da terra — e apresenta o símbolo do número 666, denominado “o número da besta”. Essas imagens têm sido interpretadas ao longo da história como representando figuras políticas e religiosas, incluindo o próprio papa, considerado por algumas tradições como uma figura do “anticristo”.
O que diz a passagem bíblica?
O capítulo descreve uma besta semelhante a um leopardo, com pés de urso e boca de leão, que recebe poder do dragão (símbolo de Satanás). O trecho mais famoso é o número 666: “Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é 666.” Essas imagens simbolizam figuras de poder, e a interpretação tradicional aponta para a crítica ao imperador romano Nero, na época de João.
Interpretação histórica e simbólica:
Kenner Terra, especialista em estudos religiosos, explica que a imagem das bestas e do número 666 faz parte de uma crítica de João ao Império Romano, usando símbolos e alegorias do seu tempo. O texto não visa previsão do futuro, mas uma denúncia ao regime opressor, utilizando referências do livro de Daniel do Antigo Testamento, que também fala de feras e monstros como símbolos de poder político e opressão.
Por que há associações com o papa e os Estados Unidos?
Desde a Reforma Protestante, alguns grupos interpretam o papa como uma figura do “anticristo” ou falso profeta. Além disso, há uma narrativa conspiratória que associa figuras políticas globais, incluindo os Estados Unidos, à besta do capítulo 13, unindo simbolismos antigos às atuais interpretações sobre o fim do mundo. Filmes como “Deixados para Trás” reforçaram essas ideias na cultura popular.
O que é verdade e o que é teoria da conspiração?
Expert Kenner Terra ressalta que muitas dessas interpretações são projetos de teorias conspiratórias que conectam símbolos sem relação direta, criando narrativas sensacionalistas. Na realidade, o texto bíblico busca uma crítica à opressão do Império Romano, usando símbolos que eram compreendidos na época, e não uma previsão literal de eventos futuros ou ataques a figuras modernas.
A passagem de Apocalipse 13 é uma crítica simbólica ao regime romano, não uma previsão do futuro. As associações contemporâneas surgem de interpretações religiosas, culturais e conspiratórias que tentam encaixar símbolos antigos em contextos atuais, muitas vezes distorcendo seu sentido original.
Mín. 21° Máx. 34°