Avanço do mar ameaça engolir cidade brasileira até 2055; Conheça
A cada maré alta, o Atlântico avança cada vez mais sobre as ruas, casas e histórias de Atafona, distrito de São João da Barra, no norte do estado do Rio de Janeiro. O fenômeno, que já destruiu mais de 500 residências e expulsou pelo menos 2 mil moradores ao longo das últimas décadas, é considerado uma das erosões costeiras mais severas do Brasil.
Desde o início dos anos 1950, quando a Ilha da Convivência começou a desaparecer, o avanço do mar tem sido implacável. Hoje, o ritmo é de cerca de três metros de avanço por ano, o que, se continuar assim, poderá eliminar parte considerável do bairro nas próximas décadas.
Esse processo não é apenas uma tragédia local: ele ameaça destruir uma cultura, uma economia e uma comunidade formada por famílias de pescadores, comerciantes e veranistas. A destruição avança lentamente, mas de forma constante, com quarteirões inteiros devorados pelo mar, ruínas de clubes que antes sediavam bailes e ruas que atualmente terminam abruptamente em barrancos instáveis.
Causas da erosão
A combinação de fatores naturais e ações humanas alimenta a erosão em Atafona, entre elas:
- Mudanças climáticas, com o aumento do nível do mar e ressacas mais intensas;
- Interferência no Rio Paraíba do Sul, com barragens reduzindo sedimentos que reconstroem a praia;
- Assoreamento na foz, pelo acúmulo de lama e areia;
- Desmatamento das matas ao longo do rio, que aumenta a erosão das margens;
- Ocupação desordenada da faixa costeira, deixando a região vulnerável.
Impactos na comunidade
Moradores como Sônia Ferreira, que vive há mais de duas décadas em Atafona, relatam o avanço do mar até atingir suas casas. Ela construiu uma pequena moradia nos fundos, na tentativa de preservar seu terreno. Para muitos, deixar a cidade não é uma opção fácil: o apego às memórias e à história local é forte.
A cultura da região também sofre com o avanço do mar. O antigo polo turístico dos anos 1970, com hotéis e clubes, hoje é quase uma lembrança, enquanto a pesca artesanal, que sustentava muitas famílias, entra em crise devido ao assoreamento e ao fechamento do canal da foz.
Tentativas de conter o avanço
Pesquisadores e autoridades discutem há anos possíveis soluções, como a construção de barreiras artificiais, o aumento da faixa de areia com aterros e a recuperação de áreas de manguezal. Contudo, esses projetos enfrentam desafios técnicos, ambientais e financeiros, e nenhuma ação concreta conseguiu interromper o avanço.
Segundo o engenheiro Gilberto Pessanha Ribeiro, as soluções precisariam ser multifatoriais e envolver investimentos pesados, além de uma compreensão da população sobre a complexidade do problema.
Qual o futuro de Atafona?
Se o avanço continuar na média de três metros por ano, projeções indicam que Atafona pode desaparecer completamente em menos de 30 anos. Estimativas mais conservadoras sugerem que, em até 50 anos, boa parte da cidade já terá sido engolida pelo mar.
Sem ações efetivas de contenção, Atafona corre o risco de ser apenas uma lembrança para as próximas gerações, uma tragédia silenciosa que evidencia os efeitos das mudanças climáticas e da interferência humana na linha costeira.
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