Brasil avança na vacinação contra HPV, mas enfrenta desafio para alcançar adolescentes mais velhos

O Brasil alcançou um marco importante na imunização contra o Papilomavírus Humano (HPV), vírus responsável por diversos tipos de câncer, como o de colo do útero. Segundo dados do Ministério da Saúde, 82% das meninas entre 9 e 14 anos já estão vacinadas — um índice muito acima da média mundial, que é de apenas 12%.
O avanço coloca o país no caminho da meta firmada com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê atingir 90% de cobertura vacinal nessa faixa etária até 2030, etapa fundamental para erradicar o câncer do colo do útero.
Além das meninas, a imunização também cresce entre os meninos: em dois anos, a cobertura saltou de 45% para mais de 67%. No entanto, o grande desafio está no chamado “resgate vacinal” — adolescentes de 15 a 19 anos que ainda não se imunizaram. Estima-se que cerca de 7 milhões de jovens dessa faixa etária não tenham recebido a vacina.
Para tentar reverter esse cenário, o Ministério da Saúde lançou em fevereiro uma campanha voltada a esse público, priorizando 2,95 milhões de adolescentes em 121 municípios. Apesar disso, até o dia 21 de agosto, apenas 106 mil jovens haviam sido vacinados. Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram o maior número de não vacinados, iniciaram estratégias adicionais neste mês.
Falta de informação ainda é barreira
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) alerta para a baixa adesão entre adolescentes mais velhos. Para o pediatra Juarez Cunha, ex-presidente da entidade, a desinformação é o principal obstáculo. “Muitos jovens e até adultos não sabem que a vacina previne o câncer de colo do útero. É preciso reforçar a comunicação e levar informação de forma direta a esse público”, disse à Agência Brasil.
Estudos apontam que entre 26% e 37% dos jovens desconhecem o real objetivo da vacina, e 17% dos adultos responsáveis também não relacionam a imunização ao câncer.
Importância da proteção precoce
O HPV é transmitido principalmente por contato sexual, o que torna a imunização mais eficaz antes do início da vida sexual. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o vírus é responsável por 99% dos casos de câncer de colo de útero no Brasil, além de estar associado a tumores de garganta, ânus, pênis e verrugas genitais.
Entre 2023 e 2025, o país deve registrar 17 mil novos casos de câncer de colo do útero por ano. Desde 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) já distribuiu mais de 75 milhões de doses da vacina, que desde 2024 passou a ser aplicada em dose única.
Caminhos para ampliar a adesão
Especialistas defendem campanhas de vacinação em horários estendidos, ações em escolas, além da presença de profissionais capacitados para esclarecer dúvidas. Também destacam a importância de parcerias entre governo, sociedades médicas e organizações da sociedade civil.
A vacinação contra o HPV será um dos temas centrais da Jornada Nacional de Imunizações, que acontecerá em São Paulo entre 3 e 5 de setembro.
Apesar do desafio entre adolescentes mais velhos, o cenário é visto com otimismo. “Temos avançado e acredito que logo chegaremos aos 90% de cobertura”, afirma Cunha.
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